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Mostrando postagens com o rĂłtulo Folclore

CarbĂşnculo

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O CarbĂşnculo Ă© uma espĂ©cie de lagarto mágico que vive no Rio Grande do Sul. Diz a lenda que um sacristĂŁo da igreja de SĂŁo TomĂ© viu sair a criatura, certo dia, das águas de uma lagoa vizinha.  Ela era parecida com um lagarto, sĂł que enorme, levando na cabeça uma pedra tĂŁo brilhante que fazia ofuscar as vistas. Apesar da dificuldade em capturá-lo, o sacristĂŁo conseguiu apoderar-se dele e levá-lo para casa. Ali, ele descobriu, deliciado, que o CarbĂşnculo tinha o poder de dar riquezas infinitas ao seu possuidor, alĂ©m de transformar-se, Ă  noite, numa linda mulher. O sacristĂŁo, entĂŁo, passou a devotar todos os seus cuidados Ă  criatura sobrenatural, esquecido de Deus e dos homens. A inveja, porĂ©m, falou mais forte, e os homens de bem da cidade decidiram prender o ex-sacristĂŁo, condenando-o Ă  morte. O CarbĂşnculo, porĂ©m, veio em seu socorro e, depois de espalhar a morte e a devastação, raptou o amigo das mĂŁos dos seus carrascos, desaparecendo com ele. Diz a lenda que o sacristĂŁo...

O Negrinho Pastoreio

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Sem dĂşvida alguma, a lenda mais popular no extremo sul do Brasil ainda Ă© a do Negrinho do Pastoreio, uma histĂłria triste e violenta. O escritor gaĂşcho Simões Lopes Neto foi o maior divulgador da lenda, a qual reconta-se agora, em outras e inferiores palavras. Havia, nos tempos idos, um estancieiro perverso que adorava maltratar os escravos. Na estância desse demĂ´nio, vivia um negrinho chamado simplesmente de Negrinho. NĂŁo tendo mĂŁe nem pai, ninguĂ©m se lembrara de batizá-lo. Graças a isso, dizia-se que era afilhado de Nossa Senhora. Certo dia, o estancieiro perverso resolveu organizar uma corrida de cavalos. O Negrinho, bom de cavalhadas, deveria conduzir o cavalo do patrĂŁo. – Se perder a corrida já sabe! – ameaçou o estancieiro, mostrando-lhe o punho. Deu-se, entĂŁo, a corrida, e o Negrinho levou a pior. Mas a pior, mesmo, ele ainda estava por levar. O estancieiro perverso havia perdido mil onças de ouro, e queria se vingar no menino. – Esse tição me paga! – dizia ele, vibra...

A Mula Sem Cabeça

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NĂŁo há quem nĂŁo saiba, por todos estes sertões do Brasil, que mulher que se casa com padre, cedo ou tarde, vira Mula sem Cabeça. Essa Ă© a gĂŞnese clássica de uma das criaturas assombrosas mais populares do imaginário brasileiro. A sua contrapartida masculina, o Cavalo sem Cabeça – ou seja, o homem que se casa com uma freira –, nem de longe gozou da mesma popularidade, comprovando o triunfo do preconceito machista. (O Brasil parece ser um dos poucos lugares do mundo onde a transformação da mulher em mula ou outro animal qualquer está associada diretamente a uma punição moral.) Apesar de nĂŁo possuir cabeça, no lugar onde ela deveria estar pode-se ver, nas noites apavorantes em que a criatura surge, o expelir irado de jatos de fogo. AlĂ©m de lançar fogo pelas ventas invisĂ­veis, ela relincha de maneira mil vezes mais audĂ­vel do que uma mula normal. Outro detalhe notável Ă© o fato de ela carregar no pescoço imaginário o freio de ferro. Quem conseguir arrancá-lo, quebra o feitiço, v...

Vitória Régia

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Um dia, uma formosa Ă­ndia, chamada Naiá, apaixonou-se pela lua. Sentia-se atraĂ­da por ela e, como quisesse alcançá-la, correu, correu por vales e montanhas, atrás dela. PorĂ©m quanto mais corria, mais longe e alta ela ficava. Desanimou de alcançá-la e voltou para a taba.          A lua aparecia e fugia sempre, e Naiá cada vez mais a desejava. Uma noite, andando pelas matas ao clarĂŁo do luar, Naiá se aproximou de um lago e viu, nele refletida, a imagem da lua.         Sentiu-se feliz, julgou poder agora alcançá-la e, atirando-se Ă s águas claras do lago, afundou.         Nunca mais ninguĂ©m a viu, mas TupĂŁ, com pena dela, transformou-a nesta linda planta que floresce em todas as luas.         Entretanto, UapĂŞ sĂł abre suas pĂ©talas Ă  noite, para poder abraçar a lua, que se vem refletir em sua aveludada corola.         Eis aĂ­, como nasceu, da imaginação fĂ©rtil e criadora de noss...

A Princesa de Jericoacoara

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A exemplo da Alamoa e das MĂŁes do Ouro espalhadas por todo o Brasil, a Princesa de Jericoacoara Ă© outra criatura da estirpe das princesas encantadas, guardiĂŁs de tesouros em grutas ou cavernas, que tanto sucesso fizeram em Portugal, na versĂŁo das mouras encantadas.  Alguns habitantes da Cidade de Jericoacoara afirmam que, debaixo do morro do farol local, existe uma Cidade encantada, onde mora uma linda princesa. Perto da praia, quando a marĂ© está baixa, há uma furna onde sĂł se pode entrar agachado. Essa furna de fato existe. SĂł se pode entrar pela boca da caverna, mas nĂŁo se pode percorrĂŞ-la, por que, está bloqueada por um enorme portĂŁo de ferro. A cidade encantada e a princesa estariam alĂ©m daquele portĂŁo. A encantadora princesa está transformada, por magia, numa serpente de escamas de ouro, sĂł tendo a cabeça e os braços de mulher. Para desencantá-la, Ă© preciso a coragem de um homem de verdade, disposto ao martĂ­rio, pois somente com o sacrifĂ­cio de uma vida humana ela ...

O Boto Cor de Rosa

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Esta lenda tem sua origem no boto-cor-de-rosa, um mamĂ­fero muito semelhante ao golfinho, que habita a bacia do rio Amazonas.          De acordo com a lenda, um boto cor-de-rosa sai dos rios nas noites de festa junina, quando sĂŁo comemorados os aniversários de SĂŁo JoĂŁo, Santo Antonio e SĂŁo Pedro, a população ribeirinha da regiĂŁo amazĂ´nica celebra estas festas dançando quadrilha, soltando fogos de artifĂ­cio, fazendo fogueiras e degustando alimentos tĂ­picos da regiĂŁo. Com um poder especial, O BOTO consegue se transformar num lindo jovem vestido com roupa social branca. Ele usa um chapĂ©u branco para encobrir o rosto e disfarçar o nariz grande.            Este desconhecido e atraente rapaz conquista com facilidade a mais bela e desacompanhada jovem que cruzar seu caminho e, em seguida, dança com ela a noite toda, a seduz, a guia atĂ© o fundo do rio, onde, por vezes, a engravida e a abandona. Por isso, as jovens eram alertadas ...

A Lenda da Iara

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Contam os índios da região amazônica que Iara era uma excelente índia guerreira. Os irmãos tinham ciúmes dela, pois o pai a elogiava muito. Certo dia, os irmãos resolveram matar Iara. Porém, ela ouviu o plano e resolveu matar os irmãos, como forma de defesa. Após ter feito isso, Iara fugiu para as matas. Porém, o pai a perseguiu e conseguiu capturá-la. Como punição, Iara foi jogada no rio Solimões (região amazônica). Os peixes que ali estavam a salvaram e, como era noite de lua cheia, ela foi transformada numa linda sereia. A lenda conta que a linda sereia fica nos rios do norte do país, onde costuma viver. Passa grande parte do tempo admirando sua beleza no reflexo das águas, brincando com os peixes e penteando seus cabelos com um pente de ouro. Nas pedras das encostas, costuma atrair os homens com seu belo e irresistível canto, que ecoa pelas águas e florestas da região. As vítimas costumam seguir Iara até o fundo dos rios, local de onde nunca mais voltam. Os poucos que c...

Jurupari

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Segundo os primeiros colonizadores portugueses, antes mesmo de eles chegarem ao Brasil o Diabo já reinava com plena soberania em todas as nossas matas. Disfarçado sob o pseudĂ´nimo de Jurupari, era ele quem arrastava para o inferno os silvĂ­colas, algo que sĂł começou a ter fim quando Cabral desembarcou em nossas praias trazendo consigo a Cruz Redentora. Segundo a maioria das versões indĂ­genas, o Jurupari Ă©, de fato, uma entidade malĂ©fica, cujo âmbito de ação predileto Ă© o pesadelo – segundo algumas fontes, seu prĂłprio nome, Jurupari, significa “o que vem ao leito” –, o que nĂŁo implica dizer que ele seja necessariamente o Diabo dos cristĂŁos. Existe uma segunda versĂŁo que coloca o Jurupari como uma espĂ©cie de legislador divino benĂ©fico. Segundo essa mesma versĂŁo, Jurupari seria filho do Sol e de uma virgem, tendo vindo ao mundo com a missĂŁo de procurar uma esposa para o pai. Mas a versĂŁo mais popular continua a situar o Jurupari como um deus malĂ©fico, antĂ­tese de TupĂŁ, espĂ©cie ...

Alamoa

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A Alamoa é uma adorável princesa-fantasma que habita, desde tempos imemoriais, as grutas do litoral de Fernando de Noronha. É assim chamada porque, no entendimento do povo, ela é loira como uma alemã. Pelo simples detalhe do nome, vê-se logo que se trata de um mito importado. Princesas loiras que vivem encantadas na entrada de cavernas ermas e quase inacessíveis são comuns no folclore, em especial o europeu. Quando o tempo está para tempestade, ela abandona a gruta e vai dançar nua nas areias da praia, a fim de atrair a atenção dos matutos. Não demora muito e a primeira vítima se apresenta, vencida não tanto pelos dotes artísticos da jovem quanto por sua enorme beleza. Espécie de Iara sedutora, a Alamoa também costuma levar a desgraça aos seus apaixonados. Sob o pretexto de desenterrar um tesouro escondido na mais alta das grutas, ela os conduz até a entrada, como se estivessem hipnotizados. Uma vez no interior da gruta, o incauto vê o corpo da Alamoa se derreter diante dos...